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Lenda da Moira Encantada de Giela - Arcos de Valdevez


LETRA   |   CORO   |   PIANO   |   CANÇÃO

Letra: Augusto "Canário"

Música: Carlos Azevedo


Reza a lenda que, na época em que os árabes ocuparam a Península Ibérica, um rei mouro poderoso mandou erguer um castelo num promontório sobranceiro ao Rio Vez em Arcos de Valdevez, no lugar da Giela.

Ora, este majestoso rei tinha uma linda filha, morena, com longos cabelos e olhos negros, possuidora de uma beleza estonteante, que vivia muito infeliz. Isto porque, consciente do magnetismo da sua esbelta filha, o rei mouro não a deixava sequer aproximar das janelas do castelo, mantendo-a em recato, longe dos olhares externos – não fora ela despoletar um amor que pusesse em causa um casamento de conveniência com um califa, à medida dos seus reais anseios.

Todavia, a princesa com a ajuda de alguns servos, saiu do palácio sozinha, cavalgando pelas margens verdejantes do Vez. Deslumbrada com as suas águas cristalinas desmontou e mergulhou nelas os descalços pés, desfrutando descontraída da sua frescura.

Subitamente, sentiu-se observada… olhou para a outra margem e enxergou um cavaleiro com armadura cintilante sobre um branco cavalo. De dentro da viseira do seu elmo, dois olhos de um azul mais azul que o céu fitavam enfeitiçados os negros e lindos olhos da morena princesa. O arrebatamento foi mútuo – uma daquelas histórias de amor à primeira vista… o momento foi mágico e a felicidade parecia interminável.

Mas afinal, o mágico momento foi abruptamente interrompido: descendo a colina em cavalgada frenética, um grupo de cavaleiros mouros recolheram a princesa e atravessaram o rio com o intuito de confrontar o destemido cavaleiro cristão que se aventurava sozinho pelas Terras do Vez.

O ágil cavaleiro, escapuliu pelas matas sem deixar rasto.

Não mais a princesa esqueceu aquele par de olhos azuis, mais azuis do que o céu.

Não mais a princesa viu ou esteve com aquele cavaleiro cristão.

Não mais a princesa casou com um califa rico, como era pretensão do seu pai.

Todavia, sempre que conseguia esgueirar-se da vigilância paterna, descia o rio e escondia-se nos arbustos, à espera, na espectativa reencontra-se aqueles olhos azuis, mais azuis do que o céu.

E assim a lenda garante que, se passear pelas margens do Rio Vez e se sentir observado por um par de lindos olhos negros, já sabe que é a Moira de Giela, que está atrás dos arbustos à espera do seu cavaleiro de cavalo branco e olhos azuis, mais azuis do que o céu.

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