Romaria a Santa Rita, Roussas
Data: 40 dias após a Páscoa
A romaria de Santa Rita, de Roussas, carateriza-se pela sua abrangência espacial, dado organizar-se entre a Igreja Matriz da paróquia e o Santuário de Santa Rita. O primeiro dia de festa corresponde à vinda da imagem de Santa Rita para a Igreja Paroquial, donde sai em procissão, no dia principal da festa, para o seu Santuário. É este percurso pela freguesia a dar a identidade à romaria e a chamar os romeiros e devotos a integrá-lo. Esta romaria tem vindo a adquirir cada dia mais relevância pela adesão dos crentes e a renovação do Santuário.
Peregrinar da Igreja até ao santuário e, aí, participar na missa da chegada da peregrinação para, depois, durante oito dias, acompanhar a novena, repetindo a cada dia os rituais religiosos, terminando a festa com a Missa Solene de conclusão, é o que prometem os devotos para cumprirem as promessas feitas à santa.
Aquilo que era muito comum noutras romarias mais tradicionais e se perdeu ao ser preferido o dia principal da romaria e sua imediata véspera, mantém-se na romaria a santa Rita de Roussas, mais recente, mas mais comprometida.
Santa Rita, advogada das coisas impossíveis, tem fama de grande intercessora junto de Deus e os fiéis contam muitas das graças recebidas. Não sendo nada impossível à Santa, tudo se lhe pode pedir e o facto de tantos contarem as graças extraordinárias recebidas reforça a crença e o número dos romeiros.
Edificado
O Santuário de Santa Rita em Roussas, foi, já neste século XXI, parcialmente destruído por um incêndio, ardendo um altar e imagens. A comunidade e devotos depressa iniciaram os trabalhos de reconstrução. Temos uma capela de uma só nave, de planta longitudinal. A fachada ergue-se na torre sineira que ocupa a sua parte central. Apresenta nas fachadas grandes aberturas. A reconstrução de uma antiga capela arruinada, dedicada a S. Paio, deu-se no ano de 1738 no lugar de Aldeia de Vilea, na Eira. A dedicação a S. Paio e a Santa Rita veio de uma imposição à Confraria das Almas de Roussas (escritura de 1755) de se rezar quatro missas anuais, sendo que uma delas teria de ser no dia 2 de maio, dia de Santa Rita e outra, cantada, no dia 26 de junho, dia de S. Paio, ambas a serem celebradas na Capela de Santa Rita.
Contexto territorial da romaria
Entre o espaço delimitado pelo Mosteiro de Fiães e a Vila de Melgaço, Roussas (agora União de Freguesias de Vila e Roussas) tem no ‘Monte de Santa Rita’ a sua referência religiosa. A ideia de ‘Monte’ atribui ao espaço uma sacralidade mágica. Daí que todas as freguesias tenham construído nos lugares mais cimeiros ou em meia encosta as suas capelas e santuários. Se o lugar da Igreja Matriz é normalmente escolhido na busca de uma centralidade que sirva a todos (o que por vezes não acontece, tendo em conta uma anterior organização da paróquia ou opção do patrono, ou ainda da decisão dos ‘fregueses’ pelo lugar mais seguro, tendo em conta a disponibilidade de terra), o das capelas e santuários tem outras razões de escolha. São escolhidos por serem lugres de cruzamento de caminhos; lugares próximos de fontes ou nascentes medicinais, que rapidamente passam a ser fontes miraculosas; lugares onde eventos marcantes da comunidade sucederam; ou lugares nas serras ou no alto de uma montanha. Parece esta opção corresponder à escolha pré-cristã por locais de meia encosta, perto dos cumes, mas num lugar intermédio entre o alto (onde está o divino) e o vale, terra dos homens, como mostram os depósitos da Idade do Bronze.
A localização e o ritual da romaria no Santuário de Santa Rita dão-nos conta do sentido posicional deste templo e deste culto, daí a procissão se fazer entre a Igreja Matriz e a capela do santuário.
Destaques
Igreja e Romaria de Nossa Senhora da Orada
Na União de Freguesias de Vila e Roussas, temos na primeira a Igreja da Senhora da Orada. Destacamos este templo da Senhora da Orada e sua romaria por duas razões: a qualidade arquitetónica e ornamental da igreja românica, um belíssimo exemplo do românico tardio, com alguns elementos de transição para o gótico; e a tipicidade da romaria, pois sendo hoje celebrada pelos bombeiros locais, em dia de Feriado Municipal e da Senhora da Ascensão, ela tem uma longa tradição neste território do Vale do Minho, pois aqui vinham romeiros em Clamores de freguesias vizinhas e distantes, como, por exemplo, a distante freguesia de Riba de Mouro, Monção. Desde o dia da Ascensão até à Festa do Espírito Santo, eram, assim, muitas as freguesias dos concelhos de Melgaço e Monção a fazerem estes Clamores, em grupos de pessoas que representavam cada casa da freguesia, junto com os párocos. Faziam esta caminhada, rezando e cantando, em cumprimentos de um voto por ocasião de uma grave peste que atingiu estas terras. De tal forma a oração e a tradição de vir a esta capela rezar foi marcante para as comunidades do Vale do Minho, que lhe deram o nome de Senhora da Orada! Um Senhora protetora da peste e libertadora dos cativos dos mouros que, segundo a tradição, aqui apareciam com os grilhões do degredo em terras da mourama.
Contactos
Melgaço ( Viana do Castelo )
42.09849230985101,-8.234010717229639 (Ver mapa)