Vale das Inverneiras, Castro Laboreiro, Melgaço
Castro Laboreiro, aldeia de Melgaço, concelho mais a Norte de Portugal, solar de origem do cão de Castro Laboreiro, uma das mais antigas e conhecidas raças da Península Ibérica. Habitado há milénios, soube combater o passar do tempo, guardando até hoje marcantes vestígios do passado, importantes tradições, vivências locais, usos e costumes únicos, fruto da antiga, intrínseca e fortíssima relação harmónica e muito sábia que esta comunidade humana estabeleceu com o meio envolvente e originou um tipo de povoamento ímpar, marcado pela transumância entre as Inverneiras, pequenos núcleos populacionais, de altitude inferior, que serviam de contraponto às Brandas, suas equivalentes estivais localizadas no planalto.
O rio laboreiro nasce no planalto castrejo, junto à fronteira galega, atravessa todo o território e ao infletir para sul, marca os limites entre as serras da Peneda e do Laboreiro e forma um vale, denominado de vale das inverneiras. A ocupação humana e o modo de vida moldaram a paisagem do vale que nos permite descobrir um vasto e diversificado património cultural como pontes, sobretudo medievais, que várias civilizações foram construindo ao longo dos tempos; vários moinhos de água, utilizados no passado de forma engenhosa para moer os cereais; fornos comunitários; habitats seminaturais que resultam de práticas agrícolas tradicionais, ladeados por muros de pedra solta que tornam a paisagem mais bonita e interessante, mas são também muito importantes para a conservação da natureza.
Além do importante património cultural é palco de um imensurável património natural resultado da simbiose perfeita Homem/Meio. Sobressai uma biodiversidade de alto valor ecológico, uma elevada riqueza florística e faunística, suportada numa considerável diversidade de habitats. Como resultado, integra, o Parque Nacional da Peneda-Gerês e a Reserva Mundial da Biosfera Gerês-Xurés (RBTGX). Destacam-se espécies emblemáticas de mamíferos, répteis, anfíbios e avifauna. Neste último grupo é de destacar a presença de aves consideradas vulneráveis, raras ou em perigo, como é o caso do picanço-de-dorso-ruivo (Lanius collurio), do cartaxo-nortenho (Saxicola rubetra), da narceja comum (Gallinago gallinago), do tartaranhão-cinzento (Circus cyaneus), da gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) e da águia-real (Aquila chrysaetos).
Páre, relaxe e contemple a essência do destino de natureza mais radical de Portugal.