Rota da Arquitetura Tradicional
De norte a sul do País, encontramos uma grande diversidade de casas tradicionais cuja construção obedece a questões culturais, climatéricas ou até mesmo geológicas, sendo, portanto, natural que as casas da região Norte sejam distintas das da região Sul, tanto quanto as do litoral são distintas das do interior. Apesar de não ficarmos indiferentes à espetacularidade dos exemplares da arquitetura moderna, há qualquer coisa de enternecedor nas casas tradicionais. São parte da paisagem e da cultura de Portugal e dos portugueses e fazem-nos recordar memórias de outros tempos, constituindo-se como importantes marcas da nossa própria identidade, dignas de serem preservadas.
O Alto Minho, à semelhança de toda a Região Norte do país, teve o privilégio de ter o granito, porventura a mais nobre das pedras quando se trata de construir, que protege do clima frio de inverno e do calor do verão, conservando um património ainda riquíssimo de arquitetura de cariz popular.
Conhecido pelos seus povoamentos dispersos, compostos por construções que servem de base às explorações agrícolas, a arquitetura tradicional desta zona caracteriza-se por edifícios de habitação, geralmente, unifamiliares, que se incluem na chamada arquitetura "popular” ou "vernácula”, de carácter por vezes precário, que foram construídas, no passado, pelas populações rurais utilizando uma grande variedade de materiais e técnicas. Por norma, a casa tradicional do lavrador possuía dois pisos. No rés-do-chão encontravam-se as cortes de gado, as adegas, os lagares, as lojas, e, no piso sobrado, os quartos e as salas, beneficiando do calor gerado pelos animais. À volta da casa não podiam faltar a eira, as medas, o poço ou os espigueiros de granito. Este tipo de construção é levantada do chão – para proteger os cereais dos roedores – e são adornados com cruzes de granito – que invoca a proteção divina para os cereais, sustento de muitas famílias e fruto do trabalho diário.
Também muito comuns na paisagem alto-minhota são os moinhos, as azenhas, os socalcos e terraços ou as brandas e inverneiras, de elevado valor etnográfico e paisagístico. As brandas e inverneiras são um sistema de habitação com séculos de existência, segundo o qual os habitantes de determinado lugar mudam para um outro mediante as estações do ano procurando o conforto. Atualmente estes núcleos habitacionais têm vindo a cair em desuso, mas ainda assim, ficam na paisagem, com ou sem ocupação humana, como testemunhos eloquentes de outros tempos, tão próximos e ao mesmo tempo tão longínquos.
Esta é uma imagem que se tem do Alto Minho, campestre, pura, rural e agrícola, com os seus canastros e eiras, latadas e adegas de vinho verde, fumeiro recheado, forno do pão e pote ao lume, azenhas, brandas e inverneiras, agricultura de minifúndios, de subsistência e terrenos muito parcelados fruto de múltiplas divisões em heranças.
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Cada concelho do Alto Minho (Arcos de Valdevez, Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Ponte da Barca, Ponte de Lima, Valença, Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira) dispõe de um espaço físico, designado por Estação do Tempo, que se constitui como um "portal” de acesso a uma rota, a partir do qual se parte para uma viagem no tempo que pode ser feita de duas formas: uma viagem por uma determinada época por todo o Alto Minho, ou uma viagem pelos vários períodos da história e pelas marcas que deixaram neste território.
A Estação do Tempo da Arquitetura Tradicional situa-se em Paredes de Coura, no edifício do Museu Regional.