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Parque de Lazer do Castelinho - Gabriela Albergaria - Vila Nova de Cerveira



Localização GPS: 41.93758, -8.75051

A artista atuou no espaço como resposta ao próprio local, às suas características físicas e sociais, criando o Rasgo no Solo do Parque de Lazer do Castelinho. Instalado num dos limites do parque e em frente ao rio, a peça iniciou com um gesto simples de repetição da linha de água. A artista começou por marcar no chão essa linha e, a partir daí, desenhou um retângulo paralelo ao rio, escavando-se até uma altura de 40 cm. Depois do rasgo escavado, as linhas foram preenchidas com pedras de granito encaixadas usando o método tradicional local de assentamento de pedras, tendo ficado a execução a cargo dos artesãos da região. Quis-se que a peça contivesse a ideia da linha de água do rio e da pedra local da montanha, em jeito de contaminação de matérias. O Rasgo é uma peça que surge através do desenho, como é o modo de atuar habitual da artista: pelo desenho e o espaço, as peças emergem e evoluem através da escultura para a criação de um espaço idealmente de fruição. Neste espaço, é possível entrar e usar-se as paredes para sentar e permanecer a olhar o rio, de um lado, ou "dar de costas” ao rio e observar a montanha e a presença de granito, do outro. Cria-se um jogo de afastamento e proximidade da matéria. A peça aproveita uma área aberta e mais ampla, com o chão coberto de erva e árvores que limitam o terreno ao mesmo tempo que criam uma sombra agradável, convidando a permanecer. O desenho do terreno e da área que o rodeia lembra, em parte, os socalcos trabalhados na paisagem e usados para a prática agrícola típica do norte de Portugal. Sob outro ângulo, a linha da frente faz adivinhar as marés do rio e as antigas cheias, pois veem-se linhas de terreno ondulantes que vão acompanhando o rio.


Implantação da peça

Material
Pedra local granítica reutilizada
Dimensões
1.0 x 10 x 0.4 m
Técnica
Construção tradicional, encaixe manual das pedras graníticas recuperadas, com intervenção mínima na pedra. Apenas obedecendo à escolha durante o processo evolutivo da construção (pedras bonitas ou pedras feias).


SOBRE A AUTORA
Gabriela Albergaria é uma artista plástica que vive e trabalha em Lisboa e Nova Iorque. Tendo completado a licenciatura em Pintura pela Faculdade de Belas Artes do Porto, realizou inúmeras residências artísticas, destacando-se RU, Nova Iorque; Flora ars +natura, Bogotá; Künstlerhaus Bethanien, Berlim; Cité Internationale des Arts, Paris; Villa Arson, Centre National d’Art Contemporain, Nice; The University of Oxford Botanic Garden, em colaboração com The Ruskin School of Drawing and Fine Art, Oxford e Winter Workspace, Wave Hill Public Garden and Cultural Center, Nova Iorque. O trabalho artístico de Gabriela Albergaria parte de um território: a natureza. A artista inspira-se em jardins e parques naturais enquanto frutos diretos da relação do homem com o meio ambiente, refletindo sobre o conceito de paisagem a partir de uma combinação entre fotografia, desenho, escultura e instalação. O seu trabalho centra-se nos temas da paisagem, no cruzamento e justaposição de diferentes modos de expressão visual como forma de assinalar distintos processos de reconfiguração da natureza enquanto tema artístico.

SOBRE O LUGAR
Conhecida e reconhecida, nacional e internacionalmente, como a "Vila das Artes”, Vila Nova de Cerveira celebrou em 2018 o 40.º aniversário da bienal de arte mais antiga da Península Ibérica (em atividade). Parte do segredo deste sucesso reside no envolvimento da população no processo criativo, por um lado, e na vontade de, partindo da arte tradicional, dar lugar a novas e modernas expressões artísticas.  O impulso que este evento veio dar ao lugar não se cinge à vertente artístico-cultural, mas extravasa pela riqueza de um concelho com identidade forte e dotado de uma singular beleza natural, entre o rio e a montanha. Um autêntico museu ao ar livre, onde inúmeros e conceituados elementos escultóricos e artísticos se cruzam com as paisagens naturais. Com uma localização privilegiada, às portas do centro histórico e nas margens do rio Minho, o Parque de Lazer do Castelinho permite um encontro ímpar com a beleza natural, apelando à contemplação, ao relaxamento e à inspiração. Para o Município, a utilização deste espaço como abrigo de obras de arte é ainda uma forma de prestar homenagem às primeiras intervenções artísticas afetas às bienais de arte realizadas também neste espaço. Um modo de preservar, no tempo e no espaço, o diálogo entre a arte e a natureza, na premissa de valorização do ser humano.

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