Vista a partir da Capela de São Sebastião, Monte do Crasto, Cristelo, Paredes de Coura


O território de Paredes de Coura faz parte da mais antiga e extensa unidade geomorfológicas da Península Ibérica, o maciço antigo ou hespérico. O relevo acentuado deste território montanhoso resulta de sucessivos levantamentos tectónicos e de dobras e falhas transversais que, por ação mecânica de erosão dos elementos, originou afloramentos graníticos dispersos, designados por caos de blocos.

É esta caótica paisagem granítica que, ao longo do tempo, o Homem tem procurado domar e transformar, na medida da sua força e habilidade, em alimento, abrigo, monumento fúnebre, casa, calçada, moinho, ermida, espigueiro, eira, tanque, cruzeiro, fontanário, nicho… num ciclo frenético movido pela força da água. É este vigor que parece espreitar-nos em cada recanto e, numa mistura de sagrado e profano, revigora-nos o corpo e a alma.

Os monumentos neolíticos testemunham a longa ocupação humana destas paragens. O Homem ocupou primeiro os topos montanhosos mais elevados, como o demonstra a Antela da Cruz Vermelha, o complexo das mamoas de Chã de Lamas e o Castro de Cristelo. Progressivamente, foi conquistando as zonas mais baixas e ribeirinhas que converteu – com engenho e arte – em áreas agrícolas. Surgiram os lameiros extensos, organizados matematicamente em plataformas e esculpidas na paisagem com muretes, sebes e socalcos, como um extenso escadório verdejante que se ergue desde o mais profundo do ribeiro e se eleva até ao azul montanhoso.

Colonizando as curvas de nível surgiram também as levadas, escavadas a partir dos ribeiros e riachos, que retalham a vista e desenham nela formas geométricas, a transportar água e fertilidade desde o topo da montanha até ao longínquo do vale que se perde no horizonte.

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